Qual é o
alvo de sua vida? Quais são os seus objetivos? O que você tem planejado para os
próximos anos? Tudo o que você conquistou na sua relação com a Santa Trindade,
com sua família, com a igreja, com a sociedade, já é o suficiente? Como viver
tendo Cristo como alvo? Como podemos identificar se Jesus esta sendo mesmo
aquele em que esperamos? Pela graça de Deus, e o Espírito Santo iluminador,
veremos nas Santas Escrituras, alguns detalhes que identificam Cristo como o alvo
(objetivo) de nossas vidas.
Primeiro detalhe é: Ter Cristo como alvo nos motiva a rever nossas
atitudes. Portanto,
também nós, rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, depois de eliminar
tudo que nos impede de prosseguir e o pecado que nos assedia, corramos com
perseverança a corrida que nos está proposta... (Hb 12.1).
Imagine comigo um estádio de futebol que receberá
uma partida muito importante (deixo os times com vocês). Jogadores empolgados e
preparados para entrar e jogar em campo, mas o que faz a diferença e os ajuda a
vencer é ter uma torcida inflamada e apaixonada pelo clube. Essa imagem de um
importante jogo com uma torcida apaixonada pelo time, pode nos ajudar a
entender a frase que dá início ao versículo 1: Portanto, também nós, rodeados de tão grande nuvem de testemunhas...
Essas testemunhas aqui descritas são os heróis da
fé do capítulo 11 de Hebreus. Seus testemunhos nos ajudam a caminhar na vida
cristã e vencer os desafios. É como se estivessem nos assistindo e nos apoiando
nos desafios da vida. Como um estudioso da Bíblia conclui: “Os heróis do
passado agora são considerados espectadores, ao passo que os cristãos estão na
arena”[1].
“Em Hb 12:1,
lemos ainda: ... corramos, com perseverança, a carreira que nos está
proposta. Esse texto mostra a vida cristã com uma corrida rumo à pátria
celestial. A palavra corramos (gr. trechomen2) traz a ideia de um
constante esforço para se chegar ao objetivo final. Por isso, essa corrida é
feita com perseverança (ou
paciência) (gr. hupomones3), que, aqui, nos remete a caminhar com
esperança. O cristão não está caminhando para o nada: está indo para o céu.
O atleta segue na
corrida e o cristão persevera. Para isso, precisa deixar todo peso que o detém
e o pecado que o envolve (Hb 12:1). O teólogo Wiley, nos ajuda a entender o
significado de deixar o peso: ‘... tem o sentido de desfazer-se de coisas supérfluas,
(...) o excesso de vestimenta que impeça o progresso do corredor’. Assim,
devemos tirar tudo que impede a nossa caminhada”[2].
O evangelho nos chama a repensarmos como temos caminhado.
A nossa natureza
pecaminosa sempre insistirá para que saiamos do caminho. De tempos em tempos
somos arrastados na mente e nos sentimentos a nos distanciarmos de Deus:
desejos pelo sexo ilícito, fofoca, adultério, avareza (ou seja ser “mão de
vaca”) estão entre os desejos para sairmos da graça. Mas em Cristo, com o seu poder em nós colocado, com mudanças de
hábitos (deixar as práticas erradas e fazer boas coisas), podemos vencer aquilo
que nos deixa distantes de Deus e correr nossa carreira, viver a vida de uma
maneira cristã!
Segundo detalhe é: Ter Cristo como alvo nos motiva a olharmos para ele
...fixando
os olhos em Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé, o qual, por causa da
alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da vergonha
que sofreu, e está assentado à direita do trono de Deus
(v.2).
Olhando
para Jesus “(aphorao)
significa considerar atentamente: observar.”[3]
“o
Nome Jesus enfatiza sua humanidade: o mais brilhante exemplo da humanidade[4]”.
E significa mais: “(...) tirar a vista das coisas que estão perto e desviam a
nossa atenção e, conscientemente, fixar em Jesus como nosso grande alvo”[5].
Jesus é nosso padrão de vida. Em sua obediência a Deus, o seu Pai. Em sua
submissão ao Espírito Santo. Em sua vida diária com seus pais e familiares. Em
sua luta para que as pessoas se arrependessem dos seus pecados e vivessem o
reino de Deus, que ele inaugurou.
Quando Jesus faz parte de nossa vida, por meio de
um relacionamento que temos com ele por meio do Espírito, reconhecemos ele como
sendo aquele que caminhou nesta terra e completou a obra que estava em suas
mãos. Ele é “autor”? Isso quer dizer:
“Aquele que faz um princípio, isto é, um autor, uma fonte, uma causa de algo”[6]
e “consumador” da fé é: “Alguém que
completa, aperfeiçoa, particularmente aquele que alcança um objetivo, como para
ganhar um prêmio”[7]. Jesus completou a obra que o Pai lhe designara
na terra. “(...) Jesus colocou a base (da fé) em nosso coração e com o tempo
leva a fé a uma realização”[8].
Cristo é um exemplo de superação. Suportou a Cruz por
ser a vontade do Pai. Devemos imitar seu comportamento, a forma como viveu: “a
Paixão é vista como parte do caminho ao trono. (...) a cruz é imediatamente
ligada à glorificação. Nunca é vista como um fim em si mesma, porque, neste
caso, sugeriria uma tragédia ao invés de triunfo”[9].
Durante o caminho não se distraia com outras coisas, foque em Cristo, pois nele
temos certeza que concretizaremos nossa caminhada.
Em Fp 1:6 encontramos essa certeza: E
estou certo disto: aquele que começou a boa obra em vós irá aperfeiçoá-la até o
dia de Cristo Jesus. Em tudo que fazemos: na faculdade, na escola, no
seminário, em casa, com os amigos, nos momentos de lazer, não podemos desviar
nossa atenção de nosso Senhor. Andando em seu caminho sabemos que: ...Deus faz com que todas as coisas
concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu
propósito (Rm 8:28).
Assim como Jesus não desistiu de sua obra na terra
e concretizou a sua tarefa, nós também, olhando para ele, ou seja, imitando-o em
seu comportamento, devemos prosseguir na fé que Jesus depositou em nosso
coração: Por isso não nos desanimamos.
Ainda que o nosso exterior esteja se desgastando, o nosso interior está sendo
renovado todos os dias (2 Co 4:16). Assim como estar ao lado de Deus
motivou a vitória de Jesus para enfrentar a cruz, possibilitando nosso acesso a
essa presença junto ao Pai, devemos vencer, concluir nossa trajetória, levando
a cruz que o Nazareno nos deu, ou seja, testemunhando por meio de palavras e
ações, que ele é Salvador e Senhor. Para também desfrutarmos com outros tantos
irmãos a gloriosa presença de Deus (1 Ts 4.17).
Terceiro
detalhe é: Ter Cristo como alvo nos motiva a firmar nossa confiança em sua
obra.
Assim,
considerai aquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para
que não vos canseis e fiqueis desanimados (v.3).
A partir do
v.,3, o autor de Hebreus (que eu não sei quem foi), nos fala sobre a prática de
meditar a vida terrena de Jesus. Ele usa a palavra “considerai”:
“(analogisasthe). Nos papiros esta palavra é usada no sentido matemático de
‘tirar a soma’(...) e claramente subentende uma avaliação cuidadosa”[10].
Segundo um estudioso da Bíblia quando o autor diz para considerarmos
cuidadosamente a vida de Nosso Senhor, ele está dizendo: “(...) para compararem
a própria vida com a vida de Jesus e tomarem nota cuidadosamente de tudo que
Jesus suportou”[11].
Não podemos
acusar Jesus de que ele não saiu de sua “zona de conforto”, pois pela Bíblia,
Nosso Senhor desceu até nós para se identificar com nossos sofrimentos,
limitações (Fp 2). Jesus sabe o que é ser pobre (não tinha onde reclinar a
cabeça); sabe o que é sede; sabe o que é ser desprezado por familiares; sabe o
que é ser abandonado por gente de longe e de perto; nosso Salvador se
identifica conosco: Pois, na verdade, ele
não auxilia os anjos, mas sim a descendência de Abraão (Hb 2.16). Portanto,
pensemos em nossos sofrimentos e lutas, tendo a esperança de que o Nazareno
está conosco.
Muitas vezes estamos
cansados, sobrecarregados, pela vida que levamos. Um alerta é dado aos crentes
de Roma, quando se usa A expressão “canseis” no texto, ela significa: “Originalmente, estar cansado do
trabalho constante”[12]. Gutrhie
diz que: “Quando o cristão entende que Jesus enfrentou o ódio dos homens
pecaminosos por causa do crente, ele deve ter coragem. Assim seus próprios
problemas se tornam mais fáceis de suportar (...)”[13]. Por
isso devemos fixar nossa atenção em Jesus[14].
O sofrimento de
Nosso Senhor nos ajuda a mantermos de pé: Jesus sofreu oposição e isso nos trás
ânimo, visto que ele não desistiu da obra do Pai, um exemplo para nós. Não
desanime, pois Ele nos dá condições de ir até o fim da caminhada. Se a
perseguição for em casa porque você se rendeu a Cristo, Jesus disse que viria
para trazer divisão (Lc 12:51-53); se sua perseguição é no trabalho, na escola,
na sua rua por ser você um servo de Jesus lembre-se: Basta ao discípulo ser como seu mestre; e ao servo, como seu senhor. Se
chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos de sua família? (Mt
10:25).
Mantenhamos nossa
confiança em Jesus. As afrontas por ele sofridas nos ensinam a esperar em Deus
nosso Pai. Sua postura diante dos ataques a sua pessoa, nos ensinam a viver em
esperança diante dos desafios impostos pela vida. Seus protestos contra a
religião fria e falsa, e contra os pecados do governantes da época nos ensinam
a sermos uma voz equilibrada do reino de Deus nesta terra. Apesar da oposição
olhemos para o Nazareno. Vamos ler Is. 53, para contemplarmos a proximidade de
Cristo com nossos sofrimentos.
Este trecho da Escritura (Hb 12:1-3)
nos trouxe três detalhes para que Cristo seja de fato o alvo, ou o objetivo
maior de nossas vidas: rever nossas
atitudes, olharmos para Jesus e firmarmos nossa confiança em sua obra.
Muitas perguntas foram respondidas mas talvez possamos ter outras dúvidas. Se
você tem a certeza de que Jesus já esta sendo seu alvo, glorifique a Deus e
continue fazendo dele o objetivo principal de toda a sua existência, em todas
as áreas de sua vida. Se pelo contrário, você ficou envergonhado por ver o
quanto está afastado de Jesus, pode crer numa verdade: Deus está perto de nós.
Busque a ele de todo o coração. Que Jesus seja nosso Alvo principal.
[1] Guthrie, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 1984, p.232.
[2] Lições bíblicas da
IAP. Salvos pela graça. São Paulo:
2012, 4º trim.
[3] Bíblia palavras chave hebraico/grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011,
p. 2105.
[4] Guthrie, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 1984, p.234.
[5] Wiley, H. Orton. A excelência da aliança em Cristo. Rio
de janeiro: Central Gospel, 2008, p.508.
[6] Idem, p.2095.
[7] Idem, p.5051.
[8]Kistemarker, Simon. Comentário do N. T.: Hebreus. São Paulo:
Cultura cristã, 2003, p.518.
[9] Guthrie, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 1984,p.235.
[10] Idem, p.235.
[11]
Kistemarker,
Simon. Comentário do N. T.: Hebreus.
São Paulo: Cultura cristã, 2003, p.517, 518.
[12] Idem.
[13] Kistemarker, Simon. Comentário do N. T.: Hebreus. São Paulo:
Cultura cristã, 2003, p.518.
[14] Guthrie, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 1984,p.235.
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