Já dizia minha avó, “Quem fala
demais dá bom dia a cavalo”. Esse ditado é usado pra se referir a pessoas que
pecam por não ficar de boca fechada e como consequências de suas falas
inoportunas acabam ouvindo o que não precisam ou gostariam que lhes fosse dito.
Outro ditado muito bem conhecido e utilizado nestas ocasiões diz que “Em boca
fechada, não entra mosquito”, ilustrando os dissabores de ter a boca “aberta
demais”.
Thalles Roberto entendeu na
prática a assertividade destes dois adágios, quando, na semana passada surgiram
notícias (primariamente escritas e depois, em vídeos) sobre uma conversa que o
cantor afirmou ter com o Senhor. Nesta conversa, Deus, supostamente, lhe havia
dito que ele estava acima da média porque estava no meio de gente fraca e que
queria vê-lo ser bom “lá fora”, isto é, fora da igreja. Thalles, com seu ímpeto
de humildade, conta pra todo mundo esse bate-papo gospel com o deus que ele
criou e, desta forma, mostra sua verdadeira face.
O deus (não ouso usar letra
maiúscula) de Thalles Roberto encheu o ego do artista pop da música gospel e
rebaixou a nada todos os colegas de mercado (também não ouso usar a palavra
ministério). Em outro vídeo, Thalles afirma que é o mais rico e que se juntar o
dinheiro de todos talvez não alcance o que o tal deus lhe deu.
A comunidade cristã-evangélica
não aprovou muito essa postura “humilde” e “cristocêntrica” do cantor e
surgiram críticas duríssimas a Thalles. Vários cantores do meio gospel se
posicionaram em relação à fala do colega, rechaçando e respondendo. Alguns,
como Leonardo Gonçalves, optaram pela ironia das redes sociais, o que gerou uma
repercussão fenomenal ao ocorrido.
Sobre toda essa história,
resta-me um questionamento: quem são os culpados de toda essa arrogância,
prepotência e heresia? Infelizmente, só encontro uma classe de responsáveis:
nós! O evangelicalismo brasileiro precisa (ou será que sempre precisou?) de
ídolos gospel que o represente, que lhe dê entretenimento, que lhe faça bem ao
ego. O que vemos no meio gospel, infelizmente, nada mais é que um reflexo de
nós mesmos: uma geração ensimesmada, arrogante e egoísta; que preocupa-se
apenas consigo mesmo e com seu sucesso, fama, glamour e grana. Apontamos o dedo
e vociferamos gritos de ódio a Thalles Roberto porque enxergamos nele um
monstro que nós mesmos criamos, sob dinheiro de shows e CD’s, supostamente
“Cheios do Espírito Santo”. Erguemos a voz contra Thalles, mas não olhamos para
nossos próprios egos e nossos próprios erros. Thalles não é nada mais, nada
menos, que uma caricatura real do cristianismo evangélico brasileiro.
Perdoem-me a dureza das palavras, mas a realidade delas é inegável.
Começamos falando de ditados, e
terminaremos com um ditado popular dos tempos de Salomão, que ele, sob
inspiração do verdadeiro Espírito registrou em Provérbios 16.18: “A soberba precede a destruição,
e a altivez do espírito precede a queda.”. Há ainda uma fala de Nosso Mestre:
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as
vossas almas.” (Mt. 11.29).
Que o Senhor nos ajude – e ajude
a Thalles Roberto também – a voltar a trilhar os caminhos da humildade.
Ore: “Senhor, perdoe-me pelo
pecado da arrogância e da auto exaltação. Livra-me de viver em sua prática
habitual e que toda a glória seja dada a Ti. Que o Senhor, por meio do
Espírito, me faça humilde, em nome de Jesus.”
Em Cristo, o Mestre da
Humildade,
Eric de Moura
Imagens: Internet
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