A união faz a força


Ao certo a igreja de Filipos precisava de união. No capítulo 4.2 e 3 (vamos ler?!) Paulo fala de duas irmãs que estavam brigadas. Veja que ele roga, suplica, clama para que elas voltem a ter união. Outro ponto que precisamos analisar é a expressão “pensem concordamente” todo conflito antes de se concretizar é pensado, consciente ou inconscientemente. Já no v.3, o apóstolo chama uma terceira pessoa cujo nome não menciona. Este deveria auxiliar para que as irmãs voltassem a ter comunhão. Pois juntas com Clemente foram importantes cooperadoras no ministério. O que estava faltando era união. Afinal, como diz o ditado popular “a união faz a força”. O que aprendemos com este trecho da carta aos filipenses? Veremos algumas verdades.

1ª verdade: O motivo para nossa união! (v. 1).
No v. 1 são apresentados alguns aspectos que nos motivam a sermos unidos. Em primeiro lugar, temos a expressão “exortação em Cristo”. O consolo que temos em Cristo, a companhia de Jesus, é o primeiro motivo para sermos unidos. Jesus está do nosso lado, nos consolando, e por isso devemos ser unidos. O sentido aqui também é de conselhos sadios. O que nos motiva é a presença motivadora de Jesus no meio da igreja. Por isso o próprio Senhor diz em Mt 28:20, última parte: E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos. (NTLH).
Em segundo lugar, lemos a seguinte frase: “Consolação de amor”. Isso significa que, os conselhos que damos uns aos outros devem ser cheios de amor. Esse amor aqui é divino. A essência de nossas conversas, de nossos conselhos deve ser divina. Outra motivação para a nossa unidade é a “Comunhão do Espírito”. Essa é uma comunhão cujo criador, o autor (1) é o Espírito Santo. Nele podemos vencer nossas diferenças, e sem perder nossa personalidade, sermos um! O Espírito é Aquele que dá a “liga” nos relacionamentos na igreja. É ele que fermenta os laços para que a união cresça. Ele é o Deus da união!
Um quarto e último aspecto do que nos motiva a sermos unidos, está ligado a nossa condição interior. Devemos ter em nossa alma “entranhados afetos e misericórdias,”. Devemos ter um amor visceral por nossos irmãos. Temos que tirar de dentro da nossa alma o amor mais profundo, afinal nos rendemos ao amor de Jesus, somos unidos pelo Espírito e assim podemos ter os sentimentos mais profundos. O verdadeiro amor produz atitudes misericordiosas. Você tem tido misericórdia de seu irmão? Lembremos-nos da Palavra: Ef 5:1: Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.

Depois de falar dos motivos para sermos unidos, a outra verdade para sermos unidos.

2ª verdade: A prática da nossa união (vs. 2).
Em Atos 2.46 e 47, lemos: Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do Templo. E nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria e humildade. Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas. Veja que uma igreja unida atrai as pessoas não crentes. Como então cada membro pode agir para expressar a união entre os irmãos? É isso que o Espírito transmite através de Paulo nos versículo 2.
Veja que o apóstolo começa o v. 2, falando para “completar sua alegria”. Se existe alguma coisa que deixa o coração do pastor alegre é a união entre os irmãos. E se tem um lugar que Deus abençoa é uma igreja unida (Sl 133)! Para concretizarmos a união, para encarnarmos a unidade, Paulo fala de algumas atitudes. A primeira delas, é que devemos ter o mesmo pensamento. Afinal, é lá que começa todas as nossas atitudes. (Mateus 15:19). Para sermos unidos, nossa mente precisa ser santa, nossos pensamentos bons. Se assim procedermos, limpando a mente (Fp 4.8), no lugar da maldade, nossos pensamentos serão unidos, serão dedicados ao outro. Aqui também quer dizer que devemos ter a mesma linha de pensamento(2)!
Outra atitude para sermos unidos é que devemos “ter o mesmo amor”. Ou seja, o amor que recebemos de Deus, e que procuramos viver, deve dar o norte nos nossos relacionamentos (1 Co 13). Esse amor deve ser vivido reciprocamente. Se existe algo que devemos retribuir ao nosso irmão é o amor. A última atitude que devemos praticar apontada no v. 2 para que sejamos unidos é: “sendo unidos de alma, tendo o mesmo sentimento”. Deus os está convocando a serem amigos. Apesar de ocuparem dois lugares no universo, deveriam estar na mesma posição quanto à vida interior, quanto aos seus sentimentos.
O que você tem feito para com seus irmãos? Que colaboração você tem dado para que a igreja seja unida? É possível mesmo diante de nossas diferenças sermos um. Jesus intercedeu por nós e cremos que Ele nos possibilitou essa unidade na diversidade. Vamos ler Jo 17.20 e 21. Agora que relembramos que Jesus possibilitou a nossa unidade, devemos nos esforçar para sermos um, e assim, o mundo crerá que Deus enviou Jesus. Quando deixamos nossas diferenças de lado, Jesus é proclamado. Portanto, a unidade também é mais uma forma de evangelização.
A seguir veremos a última verdade.

3ª verdade: Os impedimentos da nossa união (vs. 3-4).
         Apesar de a Bíblia nos dizer nestes v. de Filipenses que temos motivos para sermos unidos e que é possível praticar a união, ela também nos fala sobre aquilo que impede a nossa unidade. Como a igreja da qual fazemos parte não é perfeita, pois é feita de gente imperfeita, inclusive nós, temos que nos lembrar de que o nosso Deus é perfeito e assim devemos tirar do nosso meio tudo aquilo que não agrada o Senhor e causa a nossa desunião.
         Nos vs. 3 e 4 Paulo nos fala de alguns impedimentos a nossa unidade. Na RA encontramos a palavra partidarismo, é uma espécie de “loteamento” na igreja. Os grupos criados com o fim de causarem a faltam de unidade. É uma forma de privatização (1 Co 3.4). Ao lado desta expressão aparece vanglória, quem tenta dividir a igreja pensa ser senhor dela, porém deve se lembrar de que como os animais um dia irá passará (Ec 3:19). Abaixo a vaidade pessoal.
O antídoto para vencermos o partidarismo a vanglória é a humildade, e ser humilde é considerar os outros superiores a si mesmo. Não é achar que somos o patinho feio, que ninguém gosta de nós, entretanto, é pensar como é bom saber que ou outro tem sempre algo de bom e pode ter a primazia. Devemos ter a humildade de Paulo: Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. (1 Co 15.9).
Outro impedimento à união se expressa na frase: Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu. Não é recomendável na vida em comunidade colocarmos nossos interesses, projetos e opiniões em primeiro lugar. Não podemos nos dar ao luxo de querer que nossas opiniões prevaleçam se esquecendo de que não estamos sós na igreja. Paulo não esta dizendo que não podemos realizar coisas pessoais, porém não devemos ser egoístas. Ele fala algo óbvio que nos livra de sermos mesquinhos, falando para consideramos o que é dos outros. Devemos lutar contra nosso desejo de primazia e viver também em prol do outro. Se quisermos ser unidos teremos de abri mão de muitas de nossas vontades e atender ao outro.

Partindo pro final, Certo escritor cristão diz que há duas coisas que não conseguimos fazer sozinhos: “casar e ser cristão”. Portanto é muito estranho o “cristão’ que diz: “não preciso ir a igreja, pois oro em casa”. Porém, a mesma Bíblia que nos manda orar no nosso quarto fala em Hebreus 10.25: Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. Só conseguiremos ser unidos se formos humildes, e colocar nossos interesses em segundo plano. Nisso aprendemos com Jesus, o Deus da humildade: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens. (Fp 2:5-7 – AS21). Deus seja louvado!




(1) HAUBECK, Wilfrid (2009: 1120).
(2) HAUBECK (2009: 1121).

Haubeck, Wilfrid. Nova Chave linguistica do Novo Testamento Grego: Mateus - Apocalipse. São Paulo: Targumin: Hagnos, 2009.

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