PÁSCOA:
CELEBRANDO A LIBERDADE! (parte 2)
2. A
NOSSA PÁSCOA
O texto bíblico que relata a
instituição da páscoa bíblica se encontra no livro de Êxodo, capítulo 12. O que
é relatado neste capítulo aconteceu na época em que o povo de Deus era escravo
em uma terra estrangeira. Já havia passado quatro séculos desde a sua chegada
àquele país, o Egito. Talvez até passasse pela cabeça de alguns, que Deus os
havia esquecido. No entanto, o Senhor, que está e sempre esteve no controle de
todas as coisas, já havia marcado a data para o fim daquele sofrimento. A
libertação estava por vir (Ex 3:7-8)! Moisés foi o homem escolhido por Deus
para liderar essa missão.
Por
que estamos fazendo estas considerações? Simples. Este evento, a libertação do
povo de Deus da terra do Egito, marcaria um novo tempo. O dia quatorze de abibe
nunca mais seria um dia comum para nenhum judeu. Esta foi a data em que a
primeira páscoa da história foi celebrada. Neste dia, o Egito foi castigado
severamente pelo Senhor e os filhos de Israel, alcançaram sua libertação (cf.
Ex 12). E este dia será um memorial (Ex 12:14), disse o Senhor. Seria um dia de
tristes recordações futuras para um lado, e de alegres para o outro.
Como
já dissemos anteriormente, no início deste estudo, o significado da palavra
hebraica para páscoa é “passar por”. Seu sentido é claro: em seu juízo sobre os
egípicios, Deus (Ex 12:13) visitou todas as casas do Egito e feriu com morte
todos os primogênitos das casas, mas, onde havia o sangue do cordeiro ele
“passou por cima”, ele “pulou”. Deste
dia em diante, a cada ano, nesta mesma data, os judeus começaram a comemorar a
páscoa, exatamente como o Senhor havia ordenando. Esta festa era uma festa que
celebrava a libertação dos judeus do Egito. Era uma festa pela libertação.
Quatro
dias antes da páscoa, um cordeiro era separado para ser comido (Ex 12:3-8). O
cordeiro deveria ser assado no fogo. Acompanhavam a refeição os pães asmos e as
ervas amargas. Cada um tinha um significado. O cordeiro apontava para um evento
futuro. Foi o sangue do cordeiro impediu o juízo de Deus. A casa onde havia o
sangue foi poupada do castigo. E veja como o Senhor é pedagógico. Ele não quis
que o povo esquecesse isso. A cada ano o povo se lembraria deste acontecimento,
afinal, este fato antevia o que aconteceria na cruz, no calvário.
Ao
comer ervas amargas, os judeus deveriam se lembrar dos seus anos amargos de
escravidão no Egito. Os pães asmos, ou sem fermento, indicava a não corrupção
com os costumes egípcios (Ex 12:19). O fermento é um símbolo de impureza,
corrupção (Mt 16:6-12; Mc 8:15; Gl 5:1-9). No final das refeições, qualquer
carne que sobrasse, deveria ser queimada: Não deverá sobrar nada (Ex 12:10).
Enfim, essa era a “páscoa do Senhor”. A pergunta para nós hoje é: será que
temos de continuar praticando-a hoje? É claro que não. Nós não fomos escravos
no Egito. Não faz sentido comemorar esta festa, comer ervas amargas, etc.
Entretanto,
precisamos pensar no significado cristão da páscoa. De acordo com o que já
afirmamos, a morte do cordeiro, por ocasião da páscoa, apontava para Cristo. O
Novo Testamento confirma isso (Jo 1:29; At 8:32-35; I Co 5:7; I Pe 1:18-20; Ap
5:9-10). Dentre estes textos, gostaria de destacar um: Porque Cristo, nossa
páscoa, foi sacrificado por nós (I Co 5:7). A expressão “foi sacrificado”
indica um ato definitivo e completo. É bom guardarmos isso. Hoje em dia existe
um movimento muito forte em algumas igrejas evangélicas, de judaização do
cristianismo.
Nós
somos cristãos. Cristo é a nossa glória, Cristo é a nossa páscoa! Na Nova
Aliança a páscoa não é uma festa, uma celebração, mas uma pessoa: Cristo! Ele
tornou-se o sacrifício supremo para todo o povo de Deus (Hb 9:26). Ele é o
nosso cordeiro pascal. Seu sangue nos purifica de todo o pecado (I Jo 1:7).
Aleluia! Para nós, crentes em Jesus, estas celebrações, tanto a judaica como a
atual, não tem nenhum valor, pois, conforme afirmamos, a nossa páscoa é Jesus!
Não foi a celebração da páscoa dos judeus e nem é a celebração da páscoa atual
quem nos conferiu libertação, mas, Jesus, somente Jesus! Nossa glória está na
cruz. Nossa páscoa foi comemorada no calvário. Neste sentido, a nossa páscoa,
será sempre feliz.
Por
fim, concluímos enfatizando que a nossa única celebração, instítuída pelo
próprio Cristo para recordarmos a sua morte, é a “Ceia do Senhor”. Em sua
última refeição junto com os seus discípulos - uma refeição pascal inclusive -,
ele a estabeleceu. E não podemos confundir as duas coisas. A ceia não é uma
nova páscoa. A ceia foi estabelecida como um memorial. ...fazei isto em memória
de mim (Lc 22:19), disse Jesus. Ele “aproveitou alguns dos elementos da
refeição pascal e os transformou em elementos da ordenação da Nova Aliança. Era
o fim da páscoa por todos os tempos e o início de algo novo e maior”. Mais à frente, o apóstolo Paulo disse: Porque
todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte
do Senhor até que ele venha (I Co 11:26). Que assim seja, até o fim!
Eleilton
William de Souza Freitas é Bacharel em teologia pela Faculdade Teológica
Batista de São Paulo; colaborador do DEC
(Departamento de Educação Cristã) da Igreja Adventista da Promessa (IAP);
vice-diretor da Federação de Uniões de Mocidade da IAP (FUMAP); serve a Deus na
IAP de Vila Maria-SP; é casado com Daiane e pai de Rafaela.
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Publicado originalmente na Revista “O Clarim”.
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