Parábola de prioridade




Já faz algum tempo, em que aprendi uma lição de prioridade, com um adolescente em um ônibus de São Paulo. Era manhã, de um dia como sempre bem agitado. Estava eu, na parte da porta do meio do ônibus, até que fui caminhando, abrindo alas, para gerar novos espaços. Cheguei então, na parte daquelas cadeiras mais altas antes da porta de trás, onde o tal adolescente estava sentado. Estava com minha mochila em uma das mãos e fiquei em pé esperando alguém se levantar, ou então, até meu destino chegar.
Não demorou muito para que o garoto perguntasse, se eu queria que ele levasse minha mochila, e eu de pronto lhe entreguei. Ele pegou minha mochila, sendo que estava com a dele sobre suas pernas. Mas parece que as duas ali em cima dele, o incomodaram. Aí, ele fez algo que muito me chamou a atenção: colocou a mochila dele no chão e deixou a minha no lugar da dele.
Interessante, não?! Achei isso algo que deveria ser destacado. Por mais que seja algo simples, talvez não digno de um artigo, porém, me tocou e foi uma “parábola” de prioridade para mim. Esta atitude, deste adolescente, seria para nós uma explicação do texto sagrado que diz: Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros (Fp 2.4 NVI).
Neste caso, achei tão profundo o ato dele colocar sua mochila no chão e deixar a minha sobre suas pernas, que pensei em como existem pessoas que praticam pequenas gentilezas que nos dão grandes lições. E neste dia fui lembrado que devemos dar prioridade ao outro. Podemos não nos preocupar tanto em “descer de nível”, e viver mais despojados.
Acredito que são pequenos gestos como estes que geram uma sociedade melhor, mais desprendida de posições e mais servidora. Por meio da atitude deste adolescente, vi que nem tudo está perdido e fiquei me questionando, do quanto preciso muitas vezes abrir mão do meu conforto, para que o outro se sinta confortável.
Que tal, daqui para frente, permitirmos mais vezes que nosso irmão fique no primeiro lugar na igreja, que cante por último, que dê a palavra final. Que priorizar a ideia do amigo de trabalho para aquele projeto dá certo pode ser melhor. Que tal seguir os conselhos de seus pais e não ser mais o “dono de seu nariz”. Podemos priorizar o outro, numa atitude baseada naquele que saiu de seu conforto, saiu de junto do Pai e desceu, só para nos vê no Colo de Deus.
Que imitemos O Cristo: Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens. Assim, na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz (Fp 2.5-8).

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