A democratização do cristianismo




A Reforma de 1517,   que aconteceu na Europa proporcionou muitas mudanças no cristianismo. Vinha-se de anos obscuros e sombrios. A fé era manipulada pela Igreja Católica que para construir seu império religioso, comercializava a fé vendendo aos povos “objetos sagrados” que na visão religiosa da época era capaz de vender favores divinos.
                Deus usou para mudar essa história o famoso Martinho Lutero. Esse homem redescobriu o evangelho, e junto com outros reformadores que se seguiram, elencaram alguns pontos básicos, como: “...a Palavra de Deus está acima de todas as tradições humanas, a salvação acontece pela graça mediante a fé somente, todo cristão verdadeiro é sacerdote de Deus e não há necessidade de nenhum mediador senão o próprio Jesus Cristo.”[1] 
                Esses valores resumem o espírito da Reforma Protestante de 1517, que escolheu o dia 31 de outubro, quando Lutero “afixou noventa e cinco teses (questões de debate) na porta da catedral da cidade onde ensinava [Wittenberg, Alemanha].”[2], como o dia em que oficialmente alguém questionava a imposições religiosas vindas de Roma. Vale ressaltar que antes de Lutero houve outros cristãos, que de alguma forma já eram prenúncios de uma Reforma maior.
                Este dia deve ser celebrado por nós cristãos “pós-Reforma”, pois muito da acessibilidade que temos as “coisas” relacionadas a fé, é graças a este momento importantíssimo da história cristã. A Reforma Protestante foi uma espécie de “democratização do cristianismo”. O que aconteceu neste 31 de outubro de 1517 tem reflexos em nossa fé nos dias de hoje.
                A Reforma foi usada por Deus para que tivéssemos a Bíblia na mão. Todos podem e devem ler e interpretar as Escrituras à luz delas mesmas. Somos salvos pela fé em Cristo, pois o evangelho é poder de Deus para salvar todas as pessoas (Rm 1:16-17). Toda pessoa pode se relacionar com Deus, pois em Cristo, é sacerdote de Deus e tem a mediação desse relacionamento com Deus Pai, feita por Jesus Cristo.
                Sabemos que nem tudo se resolveu nos primeiros anos da Reforma, e que muita coisa se desvirtuou após este fato histórico. Hoje, é consenso entre a maioria dos cristãos que a Igreja precisa de uma reforma novamente.  Oremos e trabalhemos para tal fato acontecer. Mas com certeza, não podemos esquecer, que Deus nos deu a Reforma Protestante como um sinal de que continua agindo na história.
                Louvado seja Deus pela vida de homens e mulheres que lutaram, lutam e lutarão para que a Igreja de Cristo continue trilhando os seus ensinos. Há muito que conquistar. Existem muitas coisas a ajustar no cristianismo, e nós como pertencentes as comunidades locais, podemos pedir a Deus e nos dispormos para sermos agentes de uma Reforma para que mais e mais pessoas tenham acesso a graça de Deus!
Na Trindade,
Andrei C. S. Soares



[1] Olson, Roger E. História da teologia cristã: 2 000 anos de tradição e reformas. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Vida, 2001, p.381.
[2] Idem, p.380.

Comentários