Bom,
olhando historicamente, 210 anos depois de Martin, podemos ver uma mudança no
quadro religioso do Brasil. Pelo que parece, o catolicismo nominal e
supersticioso - diga-se de passagem, o mesmo que deu origem às religiões
afro-brasileiras - este catolicismo vem sendo substituído por um cristianismo
evangélico e carismático. Por todo lado se ouve, se lê, se vê o nome de Jesus.
São camisetas, cd's, adesivos nos carros. Existem ruas que possuem mais igrejas
que bares.
Mas
eu questiono, será que a Água da Vida que é pregada em todos estes púlpitos é
uma água pura e limpa? Recentemente ouvi uma reportagem publicada no Jornal da
Band que me deixou chocado. Em favelas do Rio de Janeiro, traficantes
evangélicos expulsaram de seus morros os praticantes de religiões africanas[1].
Primeiro questionamento: se realmente se converteram, por que ainda traficam?
Segundo: se realmente são cristãos, por que impõem o cristianismo à força?
Jesus
disse: "uma árvore é conhecida por seu fruto" (Mateus 12.33[2])
e "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me" (Marcos 8.34). O Mestre deixa claro, "se alguém
quiser", ninguém é obrigado a segui-lO.
Muitas
igrejas evangélicas ainda pregam o cristianismo supersticioso que foi criticado
por Henry Martin. Para elas, o cristão não passa por dificuldades, e, apenas
por gritar bem alto o nome de Jesus, todos os seus problemas se resolvem.
Algumas igrejas assim, também vendem chaveiros, lenços, óleos, ou qualquer
outro objeto benzido, digo, ungido e incentivam os irmãos a depositarem sua fé
em tais objetos.
Me
desculpem, mas vejo tais objetos como amuletos. Jesus disse que passar por
dificuldades é algo natural para o verdadeiro cristão. "Neste mundo vocês
terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (João 16.33) e
"Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os
perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês" (Mateus 5.11).
Dia
31 de outubro comemora-se o Dia da Reforma Protestante. A Igreja precisava que
sua espiritualidade fosse reconstruída. Essa reforma começou com Lutero,
Calvino, Menno Simons, John Hus, John Wycliffe e tantos outros. Continuou com o
passar da história, mas ainda é necessário que se pregue a "Cristo crucificado,
escândalo para os judeus, loucura para os gentios" (I Coríntios 1.23 - RA).
Que
a Reforma não seja algo distante e passado, mas que seja constante e dirigida
pelo Espírito Santo. Que ela não aconteça só na instituição que chamamos de
igreja, mas em cada coração. Que nós deixemos que Ele nos conduza como a esposa
do Cordeiro, pura, santa e sem mancha. Que sejamos, como igreja, a imagem do
corpo de Cristo na terra.
E
que Deus nos abençoe.
Abraço,
Yuri Kateivas
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