And the Oscar goes to... God!
Há motivos de sobra para alguém gostar ou não do Oscar. No primeiro caso, o
sujeito pode alegar que se trata de uma celebração puramente mercadológica e
narcísica sem sentido grandioso: milhões sendo movimentados com a indústria do
cinema, jóias e moda aliados à autopromoção de egos vaidosos de artistas e
medalhões de fama internacional em tapete vermelho. No segundo, uma premiação
organizada por uma academia de verdadeiros peritos na sétima arte reunidos para
laurear gente que se desdobrou e desempenhou seu trabalho com méritos. Eu tendo
a concordar com ambas as posições. Com algumas ressalvas, óbvio.
Primeiro, porque
cinema é um mercado. E acredito que o mercado é o único gerador de riqueza que
existe porque reconhece e honra o mérito do trabalho duro e honesto em
detrimento do ócio das posições cômodas1. “Ninguém vence na vida sem
trabalho”, diria dona Irene Beltrão, minha mãe. Os artistas não estão apenas
cumprindo uma função de promover bilheterias para seus respectivos espetáculos
e exibindo ternos e vestidos de grifes caras, mas trabalhando e recebendo por
isso. E recebem muito bem, diga-se de passagem.
Segundo,
Hollywood é absolutamente secularizada e refém do espírito da nossa época. Mais
do que famosa por ser a capital mundial do cinema, é também um reduto da
vaidade, narcisismo e hipocrisia típicos da condição humana, porém ela sabe
como ninguém transformar abomináveis vícios em aclamadas virtudes. Todos os
tais atores ‘cabecinhas abertas’ são vistos como ultra-humanitários e acreditam
ser exemplos que preenchem lacunas que nem mesmo Jesus Cristo foi capaz[1]. Todos posam de defensores dos pobres, negros, e
as ditas “minorias” sem fim mundo afora. Mas como todo estudante sério desse
tema está careca de saber disso, vamos ao que interessa: o que realmente foi,
digamos, digno de nota nesta última edição. Afinal, já foi dito por alguém que
se nos entregarmos bons produtos, os erros da empresa são só um detalhe.
Quem acompanha as edições do
Oscar sabe que filmes e atores realmente bons de vez em nunca figuram por ali.
Salvo engano, talvez tenha sido Clint Eastwood ganhando quase tudo com seu
excelente “Menina de Ouro” em 20062. A criatividade dos filmes despenca ladeira
abaixo. Uma mesmice inigualável. Haja vista os últimos anos e seus ‘blockbusters’ de vampiros, bruxas e
zumbis. O próprio narcisismo e hedonismo dos atores e diretores esgotam seus
arsenais de originalidade para novos temas.
O diretor mexicano Alfonso
Cuarón e seu “Gravidade” levaram grande parte dos prêmios. Não assisti o filme,
mas me parece ser bom. Outras premiações deixaram a desejar como foi o caso de
melhor atriz. Cate Blanchett ganhando de exímias atrizes como Judi Dench
(Philomena) e Meryl Streep (Album de Família) é de causar grande espanto. Já o
melhor filme ficou por conta de “12 Anos de Escravidão” (dirigido por Steve
McQueen) que, em minha parca opinião é sensacionalista e de uma temática desgastada.
O filme mais uma vez bate na tecla dessa hipócrita dívida histórica
escravocrata dos brancos americanos com os negros africanos. Aquela retórica
marxista do opressor/oprimido repetida ‘ad nauseam’. E pior: pinta um quadro
que os brancos opressores e senhores de fazendas escravizavam porque a Bíblia
assim os mandava. Um viés desonesto, forçado e politiqueiro. Quem acompanha o
cinema sabe que filmes com temas sobre escravidão são recorrentes desde à
reeleição de Barack Obama. E quem não acompanha recomendo que compare tal tema
com os lançamentos dos últimos anos como “Diamante de Sangue” (Edward Zwick), “Django
Livre” (Quentin Tarantino), “Lincoln” (Steven Spilberg), “Abraham Lincoln: Vampire Hunter” (Tim Burton) etc.. O filme em
questão é um acinte à inteligência de qualquer um que se aventure a conhecer a
real história dos Estados Unidos. Se bem que já não é de hoje que Hollywood é
um megafone dos ideais democratas pronto à esculachar os cristãos republicanos
e conservadores. Ah! E a apresentadora desta edição, Ellen Degeneres, foi um
caso de sem-gracisse inimaginável. Ela também merecia uma estatueta por sua
[falta de] performance. Muito ruim.
Contudo, eis o que foi o
epicentro nessa última edição: o prêmio de melhor ator para Matthew
MacConaughey por sua atuação “Clube de Compras Dallas”. Confesso que torci por
ele. Por dois motivos. Primeiro, não é por ele ser casado com uma brasileira,
mas por acompanhar seu trabalho já há algum tempo. Ele é um ator de um
dinamismo extraordinário, vide filmes jurídicos como “Tempo de Matar” (1996) e
“O Poder e a Lei” (2011). Neste, ele teve que emagrecer 11 quilos para viver um
personagem aidético. E segundo, mesmo lidando com a fama de ator desde 1991,
esse cowboy natural de Uvalde (Texas) com sotaque caipira e arrastado, não
deixa de tributar seus méritos Àquele que é o Autor do belo e das artes: Deus!
Seu discurso foi
emblemático:
“Eu quero agradecer a Deus,
porque isso [vencer o Oscar] é porque eu tenho olhado para cima. Ele enfeitou a
minha vida com as oportunidades que eu sei que não são obra da minha mão ou de
qualquer outro ser humano. Ele tem me mostrado que – é um fato científico –
retribui a gratidão. Nas palavras do falecido Charlie Laughton, que disse:
‘Quando você tem Deus, você tem um amigo.”
Uma fala desafiadora diante de um público já cômodo com a gradual dissolução dos valores cristãos fundantes do Ocidente e, sobretudo, da nação americana. Os princípios bíblicos que norteiam a Constituição e a tradição dos Founding Fathers estão nevoados pelo humanismo secular perpetuador do politicamente correto. Se alguém tem alguma dúvida disso apenas peço que consulte o maravilhoso “Politics - According to the Bible: A Comprehensive Resource for Understanding Modern Political Issues in Light of Scripture”, do teólogo batista Wayne Grudem.
Rodrigo Constantino comentou em sua coluna na Veja:
“(...)
Voltando ao Oscar, Matthew, um americano bem caipira, agradeceu com seu
sotaque texano a Deus em primeiro lugar, o que não atraiu palmas de ninguém na
plateia. Hollywood, como eu já disse, é a capital mundial da esquerda caviar,
que não tem muito apreço por essas “superstições religiosas” bobas,
especialmente cristãs. Se o ator, casado com uma modelo brasileira, tivesse
enaltecido o “deus” laico da modernidade, o estado, aí sem dúvida teria sido
ovacionado por todos, de pé.”3
Isso é de comprovadamente verdadeiro dada a realidade
de Hollywood. O relativismo moral, multiculturalismo e o viés ‘cool’ da geração Obama não vêem a mínima precisão na
idéia de Deus. A hipocrisia pretensamente travestida de humanitarismo deixa
Deus à sombra desse universo de artistas onde apenas eles ocupam a ribalta –
plena herança da modernidade e seu ranço quase incurável do antropocentrismo
caro à Renascença e o Ilmunismo francês. Eu não me lembro de ter visto muitos
artistas terem agradecido à Deus nessas ocasiões, salvo engano o primoroso Denzel
Washington por “Dia de Treinamento”, em 2006 4.
Mas o que realmente me envolveu foi o fato de que a fé
é um testemunho real de vigor e força em meio à um grupo ou sociedade
ensimesmada na estultícia. Tal ato foi um exemplo prático do testemunho paulino
de não se envergonhar do Evangelho. Ele testemunhou sua fé e tributou à Deus
sua conquista. Emudeceu ateus confessos da platéia como Brad Pitt – que nunca
ganhou um Oscar (!). Algo inenarrável!
Em meio à tanta impostura, o melhor da noite Oscar foi
um homenageado que anda esquecido. E foi coroado pelos lábios de Matthew MacConaughey.
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NOTAS
[1] Autores como Ludwig Von Mises (1881-1973), Friedrich Hayek (1899-1992), Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914) e Milton Friedman (1912-2006) trabalharam a questão da meritocracia em suas obras.
[1] Autores como Ludwig Von Mises (1881-1973), Friedrich Hayek (1899-1992), Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914) e Milton Friedman (1912-2006) trabalharam a questão da meritocracia em suas obras.
[2]
Há no YouTube o vídeo desse evento: www.youtube.com/watch?v=fPqamP6ools
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