Conta
a antiga tradição japonesa, que diante da morte próxima o guerreiro samurai
fazia
descansar sua espada e se tornava poeta. Esse era o escrito que chamavam
de haikai. Poucas palavras é claro, pois como disse um Poeta aventureiro;
“Diante da morte é assim: dizer tudo falando pouco, porque o tempo é curto.”
Palavras
é tudo que realmente temos de verdade, são as únicas coisas que vão nos
sobrando enquanto vamos ficando mais próximo a “Ela” – a morte – afinal de
contas. A morte nos informa sobre o que realmente importa na vida. A vida para
mim – coisas de poeta – é uma questão de palavras, mas não posso dizer que isso
é somente uma questão de falácia. Palavra é a arte de pintar escrevendo, a arte
de sentir-se desenhando expressões escritas na minha vida e também na dos
outros.
Deus
é palavra. Que bom, aliás que ótimo! “No princípio era aquele
que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Aquele que é
a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do
Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João
1:1,14) Deus é palavra e seu idioma se chama Jesus Cristo.
Palavras
são coisas da Vida, tanto quanto o silêncio o é. Mas talvez esse silêncio da
vida seja bem diferente do silêncio da morte. Pois o silêncio da vida ainda
desenha suas palavras, mas o silêncio da morte só desenha dor e saudades. Jesus
é a Palavra “geradora” da vida, e é aqui que desejo ancorar minha esperança.
Suas palavras são justamente o oposto da morte, mais; elas são “palavras
grávidas”, nunca terminam como um fim em si mesmas. Nos identificamos com Deus
porque desejamos a comunicação, assim como ele, que poderia usar qualquer coisa
para criar e recriar todas as coisas, mas preferiu usar palavras, aliás a
Palavra. Esse “codinome” de Jesus, faz uma “onda” com nossa inimiga mais cruel:
a morte. Ora, a Palavra é a única esperança de um registro fidedigno da vida, e
isso sabem com certeza aqueles que se aproximam da morte tendo experimentado
primeiro esta arte de viver desenhado nas palavras de Jesus Cristo. Esse é o
desejo mais profundo que existe dentro de cada ser humano, mesmo que ele ainda
não tenha descoberto, um dia – tomara – ele descobrirá. Esse é o momento onde
as nossas palavras – comunicação – sem vida, se encontrará com a Palavra da
vida.
Talvez
fosse isso que Fernando pessoa sentia antes de partir: “Quando
eu morrer, seja eu criança, o mais pequeno. Pega-me ao colo e leva-me para
dentro da tua casa. Despe meu ser casado e humano e deita-me na tua cama. E
conta-me histórias, caso eu acorde, para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos
teus para eu brincar até que [re]nasça qualquer dia que tu sabes qual é.”
Por, Marciel Diniz. https://www.facebook.com/marciel.diniz.7?fref=ts
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