Quando o Ouro se Tornou Madeira




            Você já deve ter ouvido a expressão "meio barro, meio tijolo". Usamos essa expressão para nos referirmos a pessoas fracas, desanimadas, cambaleantes. Vale dizer que, inquestionavelmente, barro e tijolo não são compatíveis, sendo este consistente e aquele volátil. Falando nisso, é extraordinário como o evangelho às vezes apresenta coisas aparentemente incompatíveis. Um belíssimo exemplo é o ouro e a madeira. Explico-me. Faço referência ao contraste que existe entre a arca da aliança e a cruz de Cristo. Vejamos a questão mais a fundo.
            A presença do Senhor através da arca da aliança era inacessível,  gloriosa e cercada por dois querubins revestidos de ouro. Em 1 Reis 6 (cf. 2 Crônicas 3) vemos a construção do templo de Deus, promovida por Salomão, filho de Davi. Dentro do templo estava uma arca (aquela do tempo em que o povo de Israel ainda peregrinava pelo deserto) coberta de ouro conhecida como "arca da aliança". Segundo o comentarista Wiersbe, a arca representava o trono de Deus (Sl 80.1). Era praticamente inascessível, pois simbolizava a presença santa do Deus Altíssimo e somente uma vez ao ano o sumo sacerdote poderia entrar onde a arca estava, em um compartimento chamado Santo do Santo.
            Entretanto, olhando para João 19.18 encontramos: "Ali o crucificaram, e com ele dois outros, um de cada lado de Jesus" (NVI). Perceba agora que a presença do Senhor através de Jesus foi completamente acessível, humilhante e cercada não mais por dois querubins, mas sim por dois condenados.
            Que glória divina é essa que resplandece em meio a tamanha humilhação? Esperamos um Ourives e Jesus se apresenta como um Carpinteiro. Esperamos um Rei e eis que surge o Servo. Escândalo, loucura, que outra palavra poderia ser usada para tais nuances do evangelho? Do ouro puro à madeira ensanguentada. Do Deus inacessível ao Emanuel, isto é, "Deus conosco". Como diz a letra de certa música, Ele é "o Cordeiro e o Leão". Ele é o Verbo que se fez carne (Jo 1.14). Quantos contrastes! Precisamos ficar mais chocados com o evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. É preciso exclamar mais vezes "Quão Grande é o meu Deus!".
            Na Bíblia Sagrada somos bombardeados por tantos versículos sublimes a respeito de Cristo que não temos como ficar indiferentes ou permanecermos no "meio barro, meio tijolo". Portanto, glorifiquemos a Deus perante essas verdades, vivamos entusiasmadamente a vida cristã e proclamemos em todo momento a maravilhosa obra da cruz.

Por, Luiz Eduardo Nunes, 
Missionário da Igreja Adventista da Promessa, na Baixada Santista em São Paulo. 

Comentários