A
dinâmica da contradição nos causa raiva, porque não entendemos. E em mundo como
hoje que é tudo muito “enlatado”, estático e sem graça, nos conformamos com a
nossa ignorância.
Mas
para um cristão – pelo menos penso que - não pode ser assim. A religião do
cristão nasce de uma contradição de um Deus como um individuo divino(Cristo) que passa para o vínculo
puramente não substancial entre indivíduos. E ainda afirma que onde estiver dois
ou três estaria entre eles. E essa renuncia
do Deus, requer do homem que sacrifiquemos tudo em nome de que? Suspeito que seja - e aqui trago a suspeita de Kierkegaard - de um relacionamento com Deus. Um simples relacionamento que nas
palavras do filósofo deixa bem claro que “Quem não se envolve com Deus no modo
de devoção absoluta não se envolve com Deus”.
A partir da formula Kierkegaardiana, Palavra da Vida confirma esse
envolvimento com Deus. Leia o que está escondido em 1 João 4. 7-8. Aliás, a
carta toda do apóstolo João narra isso. Há um princípio de alteridade,
reconhecimento de que não somos isolados, somos coletivos. Como um corpo. Se somos um juntos, então todos juntos temos
responsabilidade com esses tempos interessantes. Não é de caráter interessante
por causa da copa, mas das transformações aqui vividas. Na China Maoista havia
um ditado curioso que em tempo de agitação social, se alguém fizesse mal eles
diziam “espero que você viva em tempos interessantes”.
Não seria esse nosso
tempo interessante? O cristianismo é uma força singular e paradoxal. Primeiro
por causa da “loucura” e “escândalo” da fé. Paradoxal embora traga ranços do
mesmo motivo, mas aponto aqui a prática enquanto proposta de um mundo melhor.
Um
momento interessante e dialético é no primeiro século ainda com a pregação de
Jesus na região da palestina. O Império Romano cresce e institui uma
estabilidade política. Mas consequentemente a religião politeísta baseada em
mitos já não se sustentava. Uma religião com discurso moral seria o suficiente.
Em uma leitura marxiana, a estabilidade política trouxe o seu contrário. Muitos
soldados e escravos se encontraram sem apoio de suas classes, portanto
utilizaram a religião como ponto de apoio e companheirismo. Como o cristianismo
é alteridade, para não usar um termo marxista, influenciou a história do mundo.
Aqui
não é diferente, a Igreja deve influenciar o mundo com a sua prática de Justiça
social. Essa justiça tem um diferencial porque vem do alto. Não podemos deixar
que se faça injustiça com os mais pobres, não somos isolados uns dos outros.
Porque é precisamente isso que aconteceu em um pequeno recorte histórico da
nossa fé. Escravos foram libertos, homens sem esperanças de cura foram sarados,
mulheres adulteras e prostitutas mudaram de vida, mortos ressuscitaram.
No
Brasil com ajuda de Deus e ação amorosa da igreja, através das orações, índios
não serão mortos, as terras dos Quilombos serão reconhecidos, os drogados serão
curados, mortos ressuscitarão. A Igreja no mundo, tem a proposta de um mundo
melhor (enquanto Jesus não vem). Porque Deus assim quer.
Diomone
Silva,
Congrega
na Igreja Adventista da Promessa em Tomar do Geru- SE, onde é coordenador de
Escola Bíblica. É professor de História, formado pela Universidade Federal da
Paraíba. É articulista do Além Blog.
Comentários
Postar um comentário