A confiança é a base do relacionamento. Quem disse
isso? Não sei. Considero esse jargão muito simples, mas formidável. Ainda mais
formidável é como as Escrituras apresentam a questão, porém de maneira mais
profunda. Passo a refletir com o caro leitor sobre dois lados de uma mesma
moeda: A confiança divina e a confiança humana.
Vejo um Deus que confia demais. Já percebeu isso?
Deus confiou ao primeiro casal da Terra, Adão e Eva, a administração de sua
própria criação: "Dominai sobre os peixes do mar, sobre todas as aves dos
céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gn 1.28b). A
Israel, um povo escravizado e diminuto, Deus confiou a honra do Seu próprio
nome. Confiou a uma ex-viúva e forasteira a linhagem do Messias, isto é, o
Cristo (cf. Rt 1-4; Mt 1.5). Confiou a um homem do interior, por assim dizer, a
tarefa de profeta na cidade grande (Am 1.1).
Jesus confiou em Pedro, um camarada que dormiria três
vezes na noite em que Jesus estava prestes a morrer e pedia oração (e eu ainda
penso que somente eu tenho coisas a pedir a Deus!). Pedro também o negaria três
vezes. Após sua ressurreição, Jesus ainda lhe confiou o ministério três vezes e
lhe disse: "Segue-me!" (Jo 21.19). Confiou em Judas, mesmo sabendo
que ele seria seu traidor.
E aí vem o mais chocante: Ele confiou a nós a missão
de proclamarmos o evangelho. Seres miseráveis podendo proclamar o evento mais
estrondoso do universo: Jesus e este crucificado. Não deveríamos ficar menos
perplexos se víssemos um maltrapilho discursando no Parlamento, um criminoso
trabalhando numa joalheria ou uma criança realizando uma cerimônia de
casamento.
Vamos inverter os papéis? Ainda temos coragem de não
confiarmos em Jesus? Olhemos para Abraão. Nosso Deus é aquele que promete
filhos aos velhinhos e, depois de lhes conceder o impossível, manda erguer o
cutelo contra toda esperança. É aquele que responde as perguntas do
desafortunado Jó com mais perguntas ainda. É o Deus que permite que seu servo
Estêvão morra apedrejado. Se Deus quer que as pessoas confiem nEle, por que Ele
age assim? Oras, é exatamente disso que se trata! Será que confiamos tanto nEle
a ponto de não precisarmos dessas respostas?
Depois da morte de um ente querido, quem voltaria a
cantar, ainda que com lágrimas, "que segurança, sou de Jesus"? Com a
traição destroçando um lar, quem entoaria "Tu és Fiel, Senhor"? À
beira da morte, quem oraria ao Pai dizendo "perdoa-lhes, pois não sabem o
que fazem"?
Não simplifique as coisas! Confiança não é meramente
quando creio que Deus fará algo, mas quando Ele não faz e eu permaneço crendo
nEle. Deus é mais digno do que a sua maior confiança. Também não complique as
coisas! Paul Washer coloca isso numa frase muito simples: "Você pode
confiar em Deus".
Por Luiz Eduardo Souza Nunes (Dudu),
Missionário da Igreja Adventista da Promessa no litoral Paulista.
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