O acesso do
crente a Deus por meio de Jesus na adoração e vida cristã.
Portanto,
irmãos, tendo coragem para entrar no lugar santíssimo por meio do sangue de
Jesus, pelo novo e vivo acesso que ele nos abriu através do véu, isto é, do seu
corpo. Tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com
coração sincero, com a plena certeza da fé, com o coração purificado da má
consciência e tendo o corpo lavado com água limpa. (Hebreus
10.19-22)
A
carta aos Hebreus é o 19º livro do Novo Testamento. A carta é escrita
provavelmente aos crentes de Roma¹. Este
é o Levíticos do Novo Testamento. Entre seus diversos assuntos, o autor, que
não é conhecido, trata da antiga aliança e seu significado alegórico, ou,
representativo, apontando para a nova aliança.
O
autor trata da morte de Cristo como o sacrifício perfeito, e do sacerdócio de
Cristo como a mediação perfeita. Há várias indicações de Jesus como Sumo
sacerdote.
A
carta fala a crentes que queriam deixar o cristianismo, por causa das
perseguições e voltarem ao judaísmo, aos preceitos da antiga aliança, o que
seria apostasia. Apostariam do sacrifício de Jesus perfeito e eterno, e
voltariam a sacrificar animais, que “são ineficazes para aperfeiçoar aquele que
presta culto.” (Hb 9.10b).
A
cruz de Cristo, Sua morte e ressurreição, garantem-nos o verdadeiro caminho da
adoração. Vejamos por onde andar, para adorarmos o Pai, no poder do Espírito.
Primeira
verdade: O caminho da adoração passa pela morte de Cristo
“19-Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar
no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,”.
O texto de Hebreus c.10, v.19 começa
com a chamada ao Santo dos Santos, onde não mais apenas o sumo sacerdote é
convidado a estar, mas todos os servos de Deus que tem fé em Jesus. E a porta
de entrada é “(...) pelo sangue de Jesus,”.
Um
dos quesitos para se entrar no Santo dos Santos era apresentar sangue. O autor
de hebreus menciona este quesito, executado pelo sumo sacerdote no v. 7, c.9: “mas,
no segundo [Santo dos Santos], o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano,
não sem sangue, (...)”. O sumo sacerdote deveria levar sangue, por si e
pelo povo, para aspergir sobre o propiciatório (a tampa da arca da aliança),
como nos diz Lv 16.14 e 15: “Tomará o sangue do novilho [touro novo, NTLH]
e, com o dedo, o aspergirá sobre a frente do propiciatório; e, diante do
propiciatório, aspergirá sangue sete vezes. Depois, imolará o bode da oferta
pelo pecado, que será para o povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e
fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho; aspergi-lo-á no
propiciatório e também diante dele”. Isso é apenas uma parte do ritual
de expiação dos pecados. Você deverá ler o c.16 de Levíticos para entender mais
um pouco sobre toda a cerimônia do dia da expiação.
Sobre
expiação, o teólogo e Pr. Russel Shedd, diz: um sacrifício expiatório cobre a
transgressão, para nunca ser considerada, e portanto, punida². A
vítima deveria ser perfeita e todo o procedimento, desde a escolha, morte e
oferecimento do animal deveriam ser feitos conforme tudo o que o Senhor
ordenara.
O
fato é que o sangue trazia purificação. Era símbolo de que o povo estava
cerimonialmente limpo. Esta cerimônia, apesar de não ser perfeita, “porque
é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb
10.4), trazia certa santificação ao povo, pois figurava o de Cristo: “(...)
o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os
contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne,”.
Ao
longo de quase todo o livro de Hebreus é falado dos antigos sacrifícios e do
derramamento de sangue como oferta ao pecado (Hb 9-8). O sangue era símbolo da
antiga aliança, como nos diz Moisés, profeta e líder do povo de Deus na antiga
aliança, em Êx 24.8b: “(...) eis aqui o sangue da aliança que o
SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras.”
A Nova Aliança chegou! Ela é
confirmada com o sangue de Jesus, “o Mediador da nova aliança, e o sangue da
aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.” (Hb
12.24). Shedd comenta este texto da seguinte forma: o sangue de Abel clama para
a condenação de Caim. O sangue de Cristo clama em graça para o perdão do
pecador crente³.
O
sangue de Cristo é derramado na cruz, como de um cordeiro (1 Pe 1.19). É
através deste sangue que nos é possibilitada a aproximação de Deus (Ef 2.13). A
cruz é o cenário da obra maravilhosa de Cristo: “porque aprouve a Deus que nele,
residisse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz,
por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer sobre os céus.”. (Ef 1.20).
Estes
sacrifícios nunca trouxeram de fato purificação, como já falado, mas o
sacrifício de Cristo é perfeito. Esse sim nos purifica. Hebreus 9.14 diz: “muito
mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem
mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servimos o
Deus vivo”. Recebemos então, vitalidade. Temos uma nova mente. Uma mente
viva. A mente de Cristo. A mente transformada pela ação do Espírito da graça.
Outro
estudioso diz que por causa do sangue de Cristo, “obtemos acesso ousado a Deus
em adoração e oração” (4). O
sangue de Cristo nos faz ficar mais perto de Deus, porque nos deixa puros. Mas
isso só acontece de fato, se seguirmos o que o apóstolo João diz, em sua carta
1 Jo 1.7: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão
uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o
pecado.”. Veja que para que haja
eficácia na purificação de nossos pecados é necessário que: em primeiro lugar, andemos
na luz. Como está nossa comunhão com Deus? Será que esperamos só as
campanhas de oração para orar, ou os cultos de louvor para cantar?
Em
segundo lugar, a conseqüência de estar na luz do Senhor, é ter comunhão uns com os outros. Como está
nossa comunhão com nossos irmãos? Será que esperamos só a agenda de atividades
da igreja para nos relacionarmos? Será que esperamos só a Ceia do Senhor para
pedirmos perdão? Nada
além do sangue de Jesus pode nos purificar. Creia em Jesus, confesse em seu coração que só pode estar presente na presença de Deus por meio de Cristo.
NA TRINDADE,
Andrei Sampaio Soares.
¹Hale, Broadus David. Introdução ao N. T. São Paulo: Hagnos, 2001. P: 350
²Shedd, Russel. Bíblia Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1997. P: 163.
³Shedd, Russel. Bíblia Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1997. P: 1723.
(4) Gruden, Wayne. In: Teologia
Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. P:481.
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