
Não são poucos também os dias em que a gente se sente um nada. Um nada diante da vida e dos outros. Quem nunca se percebeu frustrado? Quem nunca encontrou um velho amigo/a da escola e sentiu-se profundamente angustiado ao ouvi-lo contar sobre a faculdade que cursou, do emprego que arranjou, das viagens que fez, enfim, de tudo o que conseguiu? É nesse momento que e nos perguntamos o que fizemos da vida. Bem, é verdade também que a vida parece ser injusta para com alguns. Não importa o quanto sejam esforçados ou inteligentes, estão, aparentemente, destinados a viver uma ordinária vida. Esses são os mais torturados pelos “ses”; que “podem ocupar a nossa mente de tal maneira que nos tornam cegos para olhar para as flores do jardim e para contemplar as crianças sorridentes das estradas, ou surdos para escutar a voz agraciada de um amigo.”
Esses “deverias” e “ses” são os verdadeiros inimigos da nossa vida. São eles que nos fazem sentir como se algo ainda faltasse. São eles que nos fazem achar que está tudo torto; que algo deu errado. Eles, sempre eles, que nos impulsionam a querer controlar tudo e ter o prumo da vida em nossa mão. De uma maneira bem objetiva o prumo é o instrumento utilizado em construções para manter a obra alinhada. Ele é quem mantem os ângulos retos. Mas o que o prumo tem a ver com a vida? Tem tudo a ver. A vida é uma construção. Construção que constantemente olhamos e achamos que as colunas, as paredes, os muros estão tortos. É nesse instante que nos deparamos com um boiadeiro, convocado pra ser profeta, chamado Amós. Ele não era alguém excepcional, apenas cuidava do gado e colhia figos silvestres (Amós 7.14). Ele começa a profetizar sobre uma série de coisas em Israel, coisas que provavelmente o fez pensar que estava tudo torto. Depois de seis capítulos apontando o que parecia uma construção torta, ele tem a seguinte visão de Deus:
“Ele [Deus] me mostrou ainda isto: o Senhor, com um prumo na mão, estava junto a um muro construído no rigor do prumo. E o SENHOR me perguntou: ‘O que você está vendo, Amós?’ Um prumo, respondi. Então disse o Senhor: ‘Veja! Estou pondo um prumo no meio de Israel, o meu povo” (Amós 7.7-8).
Há algo de libertador nesses versículos. Eles tiram de nós o peso do passado e as preocupações pelo futuro. Eles nos lembram de que o controle da vida não está sob nosso poder. Quem é que disse que o exato momento de nossa vida está torto? Alguém que acha que deveríamos ser aquilo que ele idealiza que sejamos? Uma sociedade confusa que vive estabelecendo padrões e tendências que nem mesmo ela entende? Será que até mesmo nosso espelho é confiável para dizer o que está torto ou reto? O prumo não está nas mãos de ninguém a não ser de Deus. Ele é o único que consegue olhar o todo da obra e saber o que está torto; e é o único que tem o instrumento necessário para deixar os ângulos retos novamente.
A vida não é vivida com base num passado que não se pode modificar e nem em um futuro imprevisível. A vida, aquela que é tangível, tem lugar aqui e agora. Por isso, que Deus nos lembra que o prumo está nas mãos dEle e nos incentiva a desfrutar do presente “tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hebreus 12.2). Quem sabe o dia em que conseguirmos vivenciar essa segura realidade, consigamos também, vencer todos nossos “deverias” e “ses” olhando para eles e dizendo: o prumo nas mãos do meu Redentor está.
Ismael Braz
Imagem: Internet
Comentários
Postar um comentário