Vivemos
tempos de ditadura, embora vivamos numa democracia. No entanto, não me refiro a
ditadura política, mas sim, uma ditadura existencial. Ditadura do outro.
Ditadura das redes sociais. Ditadura do senso comum. Ditadura da mídia. Ditadura
da opinião pública, enfim, estamos constantemente debaixo de uma tirania que
quer nos impor senso de existência adequado por padrões preestabelecidos.
Essa
opressão social traz consigo uma profunda crise de identidade. As pessoas já
não sabem mais quem são. E pior, só se apercebe sendo aquele que está de acordo
com os padrões e tendências do momento. Sou o que a maioria diz que eu sou, se
não, deixo de ser por não ser aceito. Por causa disso é que muitas pessoas do
nosso tempo estão cada vez mais descontentes consigo mesmas, simplesmente
porque não se encaixam no que os ditadores determinam.
Um
exemplo do que estamos falando é a ditadura estética. Padrões de beleza são
estabelecidos constantemente. Inclusive, se determina a beleza, de
acordo, com tendências estabelecidas sabe-se lá por quem. Vivemos numa gangorra
existencial. Meninos e meninas são oprimidos por padrões que ferem diretamente
o senso existencial. Há o desespero diante do espelho; a batalha contra a
balança. Insatisfação com quem se é.
Quando
adolescente, fui oprimido pela onda dos topetes. Passei um bom tempo usando
apenas boné por ter uma profunda insatisfação e vergonha dos meus cabelos
crespos. Uma neura se instaurou ao ponto de desejar, por diversas vezes, não
ser quem era. Isso fez com que tentasse suprir tendo coisas da “moda”, afinal, se
não se é tente pelo menos ter.
No
fundo, no fundo, todos nós ansiamos a segurança da aceitação. E somos levados a
acreditar que nossa identidade é algo a ser conquistado. No entanto, existe liberdade.
Na espiritualidade cristã, a identidade é algo que nos é dado; somos quem somos
e ponto. E muito mais, somos seres criados, não autogerados. Nossa identidade
nos foi outorgada no momento da nossa criação. Na premissa cristã, todo ser
humano é belo, pois todos carregam a imagem e semelhança do Criador (Gênesis
1.26). Belos são aqueles que se encontram em seu Criador.
A
liberdade passa também pelas palavras que foram proferidas a respeito de Cristo
–que são as mesmas para nós hoje – no ato do seu batismo e repetidas na
transfiguração: Este é meu Filho,
escolhido e marcado pelo meu amor, a alegria da minha vida (Mateus 3.17).
Essas palavras libertam! Se dissessem para Jesus que Ele não tinha o rosto,
cabelo, corpo, roupas e tudo o mais que os padrões exigem, Ele responderia que
só o que importava era saber que era filho amado de Deus. Afinal, como canta a
Banda Resgate, beleza não tem padrão, não
vem das mãos de um cirurgião [...] A liberdade veio como a arma que não mata,
uma explosão, do amor de Cristo que não fere [...] a verdade veio então, a
beleza saí do coração (Lucifeia).
Oração
Pai, diante de
tanta opressão e padrões que fazem com que eu pense que não sou belo/a; que eu sempre
me lembre, de
que minha beleza está no fato de ser uma expressão da sua imagem e semelhança.
Amém!
Por
Ismael Braz de Oliveira
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