Na “bancada” de muitos corações estará
o “toca o barco” de Boechat, como memorial de alguém que foi relevante para o
jornalismo brasileiro e a vida nacional.
Comecei a assistir o Jornal da Band
em 2004, quando Carlos Nascimento, hoje no SBT, foi para ancorar o principal jornal da emissora do
Morumbi. Me lembro, vagamente, das inserçoes de Ricardo Boechat (66) que comentava notícias, direto da
redação da Band Rio.
Passado dois anos, e a ida de
Nascimento para o canal de Silvio Santos, o Jonal da Band ganhava nova
ancoragem, de um cara que parecia ser além de leitor do teleprompter
(equipamento anexado a câmera que possibilita a leitura do texto), mas um âncora, que também comenta e opina sobre fatos. E
foi isso mesmo. Boechat se tornou a cara do principal telejornal da emissora.
Além disso, ele me fazia ir ao
trabalho, algumas vezes, escutado-o a caminho, comentando as notícias na BandNewsFM. Mas quando começou a ter uma multiapresentação
(Band, BanNewsTv, BandNewsFM), no matilnal “Café com Jornal”, ás 7h30, quando
possível, era parada obrigatória antes de sair de casa, queria saber qual era o
fato escolhido por Boechat, que seria comentado.
Quando não era possível ver esta
participação no telejornal matinal da Band pela TV, ia em sua página no Facebook, ou no YouTube do jornalismo
Band, saber o que ele
havia comentado. Afinal, Boechat era conteúdo obrigatório para quem queria
ouvir uma opinião lúcida, ácida, verdadeira e corajosa. Não concordava com tudo
que ele dizia, mas concordava com a coerência que tinha.
No rádio “televisionado” percebia um
outro Boechat, e que tentava
trazer para os seríssimos telejornais da noite, credibilidade com bom humor,
pois quem diria que num dia que foi anunciado a queda de um meteoro abriria um
guarda-chuva na bancada do telejornal, ao lado do saudoso Joelmir Betting e da jornalista Luciana Vilas Boas. Veja vídeo.
Boechat nos deixou. Nos arrancou
lágrimas. Virou notícia de uma fatalidade. Sua morte é uma notícia daquelas que
não gostaríamos de dar ou receber. No acidente que levou a vida de um
experiente piloto, que segundo informações, fez tudo ao seu alcance no momento,
Ronaldo Quattrucci (56), também perdeu a vida na tragédia. Sua filha em rede social, fez uma homenagem ao pai: Amanda Martinez escreveu:
“Obrigada por ser o melhor pai do mundo, o melhor comandante, um homem digno, honesto e generoso, que sempre me orgulhou e me ensinou os verdadeiros valores da vida. Você é único, e fará muita falta nas nossas vidas. Agradeço a todos pelas orações e por toda força enviada à nós da família. Continuemos orando por ele. Força a todos.", completou.
Lamentável as duas perdas. Afinal, a
morte de ninguém gera alegria ou prazer (Ezequiel 18:32), mais um senso de que
somos passageiros, imperfeitos e “vapores existenciais”(Salmo 90.5-6; Tiago 4:13-15).
Somente a esperança cristã na Vida Eterna e Ressurreição, para arrancar de nós
esse senso de efemeridade que nos habita.
Um modelo de
jornalista, nos deixou um legado de coragem e compromisso com a notícia. Seguir
este exemplo nos dará bons frutos para a sobrevivência de um jornalismo sem fobias
e corajoso, diante os desafios impostos a profissão e na qualidade da notícia e
opinião.
Um ser humano
com defeitos e falhas, pecados e erros, como todos os demais filhos de Adão, e
como afirmou sua esposa, a doce Veruska, como chamava-a,
“Meu marido era o ateu
que mais praticava o mandamento mais importante de todos, que era o amor ao
próximo, porque sempre se preocupou com todo mundo, sempre teve coragem. E é
muito difícil fazer o que ele sempre tentou fazer. Então, com erros e acertos,
como qualquer pessoa, mas tenho muito orgulho dele”, afirmou a viúva.
Na “bancada” de muitos corações estará
o “toca o barco” de Boechat, como memorial de alguém que foi relevante para o
jornalismo brasileiro e a vida nacional.
Andrei Sampaio Soares | Editor-chefe e criador do Além Portal.
Com informações de:
Veja SP
Imagem: Reprodução/NaTelinha.
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